quinta-feira, 17 de abril de 2025

A morte do Nunca




Morreu o Nunca — sem velas, sem pranto,

num suspiro doce, entre sonho e encanto.

Ninguém sentiu falta do que nunca foi,

mas o mundo sorriu quando ele se foi.


Em seu túmulo florido, brotou o talvez,

e com o amanhã dançou uma última vez.

Cansado de si, calou-se o Impossível,

e o agora sorriu por seu fim tão sensível.


O mundo sabia: algo mudou.

O medo do erro, enfim, se calou.

Cresceu em meu peito um silêncio sereno,

feito espaço vazio — fértil e pleno.


Da morte do Nunca, o Sempre nasceu,

não como promessa, mas algo que é meu.

A cada escolha, um planeta a girar,

na roleta do tempo que insiste em amar.


A morte do Nunca, Jamais foi encontrado:

o Nunca caiu — enfim libertado.

Da entropia, do acaso, da sombra e da luz,

floresce a vida — sem começo ou cruz.


(Fernando M.)

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