Falei quando o céu já pendia,
com a luz atravessando de lado.
Nem sombra, nem chama —
só um eco mal acomodado.
Te vi por um fio de instante,
mas o vento empurrou minha voz.
Era breve demais,
era tudo por um triz entre nós.
Não houve resposta. Só vento.
Ou o peso de coisa não dita.
A rejeição que veio depois
parecia já ter sido escrita.
Talvez fosse outra a estação,
outra margem do mesmo rio.
Talvez teus passos seguissem
onde o meu se despede, vazio.
Agora, nem sei se há ponte,
ou se apenas deixei passar.
O que havia em minhas mãos
não quis — ou não quis ficar.
Se couber algo no depois,
se vem, também, não sei de onde.
O que restar, se vier,
só virá quando for — responde.
(Fernando M.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário