segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Capítulo IX - Louros aos que caíram.


Sempre ouvi que as pessoas só dão valor para outras pessoas quando as perdem; que até que alguém morra, e diga-se de passagem, tornar-se-à uma espécie de santo (ao padecer), não possui valor algum para os que a rodeiam.
Assisti esse filme inúmeras vezes: pessoas morriam, pessoas que fingiam se importar, mas que nunca estiveram presentes enquanto aquele que partiu estivera vivo, em prantos e se lamentando pela perda "irreparável", se ao menos foi, durou somente até seguirem o caminho de volta do velório para nunca mais manter contato com aqueles que realmente foram afetados no dano colateral; contudo, enquanto vivo (a), não possuiu valor algum, tampouco era requisitado ou lembrado pelas pessoas, às vezes rejeitado, pela própria família, cônjuge, pais e até mesmo filhos, mesmo àqueles a quem sempre prestou apoio e atenção, geralmente só recebia o desprezo frívolo e egoísta, comum entre os homens; mesmo quando recorria, de modo desesperado à qualquer um dos quem ajudou, escárnio e desprezo eternos, mas nada de novo sob o sol. Eis que então, este ser débil, que desanima da existência a cada vez que é rejeitado pelas pessoas que dizem lhe amar, apoiar e querer sempre o bem deste, por ter cansado-se de sentir só e desolado na maior parte do tempo, com o coração já em cinzas, apesar de a mente, que por mais cansada que esteja, ainda sóbria e ativa, resolve dar-se uma última chance de aliviar seu tormento: "foi um prazer imenso servir com vocês, mas é chegada minha hora de descansar; me perdoem pelos planos que se frustraram, e pelas pendências que lhes deixei, obrigado por tudo. "
Dá-se, assim, o fim desta existência patética, adeus.

(Fernando M.)

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