sexta-feira, 11 de abril de 2025

A hora do demônio




Três e trinta,

a lua cheia irradia,

escutou o eco da noite,

sentiu gelar sua espinha,

não conseguia mais dormir.

Levantou-se e abriu a janela

sentiu um vento forte

ecoando em tom funesto,

o relógio martelava os segundos

como pregos que perfuram fundo.

Os olhos refletiam a lua

outrora dourada como a aurora,

agora soturna, um augúrio profundo,

sentou-se na cadeira,

tamborilava os dedos na mesa

Por quê estava tão inquieto?

Três e trinta e três,

o dourado lunar agora é um mar de sangue

com fendas negras pulsantes

escutou uma voz rasgando o silêncio

com um sorriso estridente.

O chão tremeu sob seus pés,

sombras escorriam pelas paredes,

longos dedos das sombras se estendem,

O relógio já não mais bate segundos—

um silêncio, viscoso, irreversível.

Os ponteiros girando ao contrário,

pareciam desenhar um símbolo.

Três e trinta e quatro,

tomado por desespero, correu para a porta

precisava confirmar se era real ou pesadelo,

a maçaneta não girava e o ambiente

encolhia, parecia que apertava.

Tentava gritar e não conseguia

então rezou três Ave Marias.

Sentiu um nó na garganta,

A voz não saía, até que a noite se desfez.

Deitado em sua cama, abriu os olhos,

balançava a cabeça e girava os olhos em agonia.

Mas não havia mais nada,

O relógio ainda martelava,

eram três e trinta e cinco,

e a lua ainda brilhava dourada.



(Fernando M.)

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