Três e trinta,
a lua cheia irradia,
escutou o eco da noite,
sentiu gelar sua espinha,
não conseguia mais dormir.
Levantou-se e abriu a janela
sentiu um vento forte
ecoando em tom funesto,
o relógio martelava os segundos
como pregos que perfuram fundo.
Os olhos refletiam a lua
outrora dourada como a aurora,
agora soturna, um augúrio profundo,
sentou-se na cadeira,
tamborilava os dedos na mesa
Por quê estava tão inquieto?
Três e trinta e três,
o dourado lunar agora é um mar de sangue
com fendas negras pulsantes
escutou uma voz rasgando o silêncio
com um sorriso estridente.
O chão tremeu sob seus pés,
sombras escorriam pelas paredes,
longos dedos das sombras se estendem,
O relógio já não mais bate segundos—
um silêncio, viscoso, irreversível.
Os ponteiros girando ao contrário,
pareciam desenhar um símbolo.
Três e trinta e quatro,
tomado por desespero, correu para a porta
precisava confirmar se era real ou pesadelo,
a maçaneta não girava e o ambiente
encolhia, parecia que apertava.
Tentava gritar e não conseguia
então rezou três Ave Marias.
Sentiu um nó na garganta,
A voz não saía, até que a noite se desfez.
Deitado em sua cama, abriu os olhos,
balançava a cabeça e girava os olhos em agonia.
Mas não havia mais nada,
O relógio ainda martelava,
eram três e trinta e cinco,
e a lua ainda brilhava dourada.
(Fernando M.)
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