terça-feira, 26 de novembro de 2013

Capítulo I - O monstro dentro de nós




Por muito tempo eu andei, por muito tempo eu pensei, e não acho que esteja próximo de encontrar a origem do monstro que habita dentro de mim.
Este monstro toma para si, cada parte do meu ser, engole todas minhas expectativas, meus sonhos, meus anseios, tira de mim toda a vontade de viver, ele me persegue em cada fresta escura dentro dos meus pensamentos; quando meus dias são iluminados e contentes, ele está ali: seguindo-me de maneira paciente e cruel, esperando o menor lapso de chance para dar o bote.
É neste momento que ele salta para cima de mim e esvazia-me por completo, fazendo com que eu me torne apenas uma casca vazia, vagando debilmente pela terra.
As pessoas não entendem muito bem como é ser tomado pelo monstro, até que elas sejam tomadas por ele uma vez na vida; humanos são incapazes de sentir, mesmo que empaticamente, algo que nunca sentiram, então eles mutilam uns aos outros, desdenham seus iguais e, como golpe de misericórdia, torturam emocionalmente seus iguais.
Ah, mas quando elas são tomadas! É claramente perceptível, você enxerga o abismo dentro de seus olhos, o vácuo que engole cada partícula de emoção em suas vozes, e acima de tudo, a forma como sua postura se torna trêmula e covarde.
Não é nenhuma novidade que este monstro habita meu corpo por um tempo maior do que eu mesmo o faço, ele controla meus pensamentos, meus anseios, minha vontade, e me drena lentamente, gota por gota, até que não sobre nada.
Mas eu aprendi que você não deve temer ser possuído pela besta, o medo realmente começa quando você a possui...



(Fernando M.)

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