segunda-feira, 5 de maio de 2025

A Valsa do Diabo

Mais uma gota escorre de meus lábios

Sinto seu gosto fúnebre.

fui convidado a um baile,

não fui avisado que era de máscaras


Desnudo, estou sem minha face

pessoas sorriem sem rosto

dançam sem corpos, gargalham sem boca,

seus olhos me engolem como num vórtice.


O salão gira em sombras disformes,

sussurros arranham os vitrais da memória.

sou um espectro entre espectros,

mas onde está a minha máscara?


Meus dedos tateiam o vazio,

buscando um rosto que não reconheço.

as máscaras me cercam, me sussurram,

como se quem conta um segredo.


O espelho à frente me encara mudo,

seu reflexo dança sem me pertencer.

se não há máscara,

como vou me esconder?


As faces sem rosto me julgam

me usurpam, parece-me que o

convite fora uma armadilha,

cada olhar esconde uma navalha.


Sou diluído no breu do salão,

meu corpo, fragmentado,

sem nome, esquecido, um eco do passado.

Agora ninguém, outrora um fracassado.


As máscaras gargalham sem som,

com seu vazio sufocante

padeço, desfaleço,

anunciam a morte deste errante.


O baile continua, indiferente

desavisados, chegam mais convidados

"MAS E EU?" Agora um fantasma,

a dançar a valsa do diabo.


(Fernando M.) 

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