quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Retrato

 Eu sou a ordem milimétrica e insana do caos,

A ferrugem da respiração da criança,

E o olhar no limite vertical do precipício,

Sem mais perfumes para que meus sentidos,

Tenham gostos nas paginas brancas da lembrança,

Tenho alegria no ranger dos dentes

E mórbida inquietação afetuosa,

Meu coração pulsa em azul e preto

No claro tersol do dia e no blecaute

Da noite,

Eu respiro ambos ares,

Numa boca que só aceita um,

Meus gritos seguem,

Minha alegria segue,

A ordem exata,

Da palidez límpida,

De uma manhã

De primavera,

Num sol de quimera.


(Renato Flief)


Em 2005, pedi pra um amigo de internet, que também escrevia poesia me descrever em um poema, uma pena termos perdido contato, mas suas palavras estarão para sempre comigo.

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